Se houvesse espaço, e o pincel estivesse nas tuas mãos, o que a poesia escreveria na alma?
Garatujas, versículos, cartas escritas, descritas, receitas pormenorizadas, romantizadas…
Haveria uma carta?

Escreveria uma, mesmo que não fosse uma carta de amor, e sim, uma carta, da existência, da resistência, da história, das outras vidas, da nobreza, ou da sua dor.
Traduziria a letra, o idioma, as palavras silenciadas, os versos faltantes.
Nem precisaria lupa, só café, dicionário técnico e aroma de sândalo.
Te escreveria uma carta com amor, se houvesse coração suficiente para preencher as linhas do espírito, do amor, mas eu, queimaria essa mesma carta.
Eu não reescreveria essa carta.