A jangada fria, silêncio do céu estrelado por nuvens carregadas, sem água. Olha o Tempo para não chover… não choverá, meu bem. Fará mais frio. Frio além do frio que o termômetro marca. Compre meias. Usa as meias. Aquece o cordão do coração. As mãos. Os lábios.
Reduza o barulho da mente, do corpo, descansa, olha para si, se escuta, faça autoanálise do espelho.
Aproveita o despertar desprendido e estiloso do dia que chega cedo. Observa a mestria do Sol, das nuvens, dos céus. Seja o mestre e o maestro. Sejamos bons peritos na vida que inicia.

A alvorada tem chegado mais cedo, a noite tem durado bem menos que o habitual. Sei, é verão, mas diria, que os dias em alguns dias já não fazem vinte quatro horas… Minutos que não são mais sessenta segundos, e segundos que são “perdidos” ao romper do sol…
Gris, é a hora que desperta pássaros, que as matas desbravam liberdade, que o orvalho escorre a escuridão, que as matas cobram os raios, hora que a seta aponta a haste para o alvor, reverenciando a boa luz do dia, iluminando trilhas e pedras. Soprando brisa nas montanhas que vens empurrando, mesmo quando parece não mover. E talvez não estejas, não cabe à nós mover montanhas, mas observa o quanto de força e disposição ganhaste enquanto esforçava-te. (Sê forte!)
E quando dormimos? A ideia desvanecida torna-se tola. Não lembramos de quase nada, não vigiamos o sono… vigia! Sonhou esses dias? Acordou no susto? Dormiu mais tarde, ou acordou mais cedo que o normal? Despertou de madrugada? Sonhou… quantas vezes?
O que sopras… a encruzilhada: o medo depois do medo.
Fazia meses que não dormia tantas horas… dormi um dia. Acordei na cruz acima. Desmaiei, não lembro pra onde parti, o que fiz, o que disseram, o que fizeram.
Estar fora do corpo é um treco estranho e distanciado, parece com o dormir mas não é. Tu estas ali, e o corpo tá reduzido a uma casa sem habitação. Enquanto que o morador debruça a vida sobre muros e abismos de submundo, fazendo sabe-se lá o quê. E qual, que mundo há no abismo que visita?
Não sei donde venho… O corpo acordou e o espírito ainda não havia chegado. Acho que ouvi o anjo dizendo: anda, ela despertou. Em três ou cinco segundos, talvez, até uns dez, a flecha* atravessou a carne com tanta velocidade que trouxera dor ao corpo físico.
– Aí, que isso? Vai com calma!
Brava, perguntei por onde andava tão faceiro, que havia deixado-me largada sobre o chão frio e gelado. Custava jogar um cobertor para aquecer?
Sem resposta e com dor aumentada, adormeci novamente. Desta vez dormi, não desmaiei. Sonhei um sonho sonhado antes. Tão ruim quanto. Tão estranho quanto qualquer sonho sem sentido. E tem e faz e precisa ter todo sentimento possível que puder fazer ter.
Não sei onde hábito quando não estou. Tão pouco com quem falo e discuto. A quem amo, mato e descaso, a quem ofendo ou perdoo.
Mas, a hora é cheia, e, é a Lua da madrugada, que vem espiar o rio da estrada. Aho. Gratidão, nos caminhos.
A lua está disponível para diminuir absolutamente tudo, e para receber a linhagem nova que estas à porta. E na porteira da mata, todo novo chegará. Espere a folha cair, o pássaro agradecer, busque o que é seu, lida com a flor morta, desabrocha os frutos, seca a chuva, faça mais fumaça, sopra com alegria.