A vida é um mistério, uma caixa a ser desvendada.
Eu estou dentro dela, posso sair, posso voltar.
Posso destruir a caixa, embrulhar pra presente, fazer um dado com ela, iniciar um jogo.
Posso usar pra me esconder, posso deixa-lá guardada no porão de casa.
A escolha é minha, a decisão é só minha, e a consequência é a única certeza pra qualquer opção que eu tomar!
Quantas escolhas poderíamos tomar diante de uma situação, ou o quanto a vida muda conforme aceitamos nossas escolhas?
Num universo paralelo, o quanto somos afetados pelas escolhas alheias, ou pior o quanto sofremos por causa disso?
Esse não é o tipo de questionamento que costumo fazer em minhas meditações, mas circunstâncias, levaram-me pra um novo tipo de vivência, na qual eu tenho experimentado na pele. E eu não estou sabendo lhe dar com isso, e também não estou afim de interferências, mas sei que minhas escolhas afetarão as decisões. Esse é a fase que preciso sair da caixa, mas coloquei sacos bolhas no interior, pra criar a sensação de segurança.
O meu eu, questiona-me a saber como as consequências das escolhas que não tomo (como deveria; com base ética e social), irão afetar outras pessoas ao meu redor. De alguma forma, sinto-me culpada, preocupada, com algo que deixei estagnado por opção. É como ver a banheira transbordando a água, e decidir não fechar a torneira, mesmo sabendo que essa atitude acabaria com toda água. Foi uma escolha, ficar sem água é minha consequência, que talvez, afete outras pessoas.
E como passar sem dolo na consequência causada por terceiros? Como não culpar alguém, que visivelmente é o culpado por tudo que está acontecendo consigo? Como não culpar-se?
Ficar ileso a falta de água que você mesmo causou!
Adormeci na caixa, estou secando, já não sinto mais sede, minha pele está desnutrida, meu olhar marejado, observando um flexe de luz que surge quando alguém joga o dado. Essa é a realidade que criei quando não fechei a torneira.
Sorte que existe o tal do senhor do tempo, que não cura nada, mas transforma a realidade. Mas, Cassiane não acredita em sorte, só compreende as astúcias do tempo, e sabe que ele não é um vilão, é apenas um intermediário, entre o que se sabe hoje, entre aquilo que precisa saber, e o que ainda saberás, por isso, nunca me culpei por decisões que tomei erradamente, mas tenho mantido a boa política da diligência, palavra esta, que aprendi em minhas viagens xamanicas, algo que compreendi na vivência, isso não quer dizer que só faço boas escolhas, nem na ficção isso se tornaria uma verdade, mas isto fala do eu cauteloso, que mesmo errando, mantém a lealdade com a verdade e com a realidade.
É difícil ser normal, quando você não é; difícil até ser leal na sua própria loucura. Quando o assunto é ser, estamos todos na embarcação, remando no sol quente, enfrentando tempestade, torcendo pra encontrar uma ilha habitável, onde tenha terra saudável e a possibilidade de crescer em harmonia. Continuamos buscando a paz necessária, um amor afável pra chamar de nosso, e a misericórdia nas nossas fraquezas.
No fim do dia, só queremos sair da caixa e ter o abraço caloroso de quem amamos.
Tem café?